domingo, 10 de julho de 2011
Réquien para minha dor
Imagem: John Atkinson
Réquiem para minha dor
Vieste para mim quando o amor se foi.
Ocupaste o lugar de quem tantas vezes
sentiu comigo a brisa acariciando a pele
e levando o nosso cheiro para alem dos ares.
Foste a companheira da minh'alma
e, ao me fazer chorar, eras também
o alento, o alimento, o remédio,
o conforto, enfim, o que restou.
O dia amanheceu sombrio, com cor de despedida.
Nunca mais verás minhas lágrimas cairem,
nem ouvirás a tristeza do meu cantar.
E hoje, no dia do teu fim, estou contigo...
Desfaço-me de ti, antes que tu me convenças
a me desfazer de MIM, por não mais te suportar.
Regina Helena
sábado, 9 de julho de 2011
Gota d'agua
Olha a paisagem que enlevado estudo!...
Olha este céu no centro! olha esta mata
E este horizonte ao lado! olha este rudo
Aspecto da montanha e da cascata!...
E o teu perfil aqui sereno e mudo!
Todo este quadro que a alma me arrebata,
Todo o infinito que nos cerca, tudo!
D'água esta gota ao mínimo retrata!...
Chega-te mais! Deixa lá fora o mundo!
Vê o firmamento sobre nós baixando;
Vê de que luz suavíssima me inundo!...
Vai teus braços, aos meus, entrelaçando,
Beija-me assim! vê deste azul no fundo,
Os nossos olhos mudos nos olhando!...
Emílio de Menezes
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Um por de sol
A natureza se transforma lenta!
Fica o ocaso mais rubro! Mais bonito!...
O sol, na sua marcha sonolenta,
Mergulha na janela do infinito!
Tudo é silente! Nem sequer um grito
Se escuta pela tarde pardacenta...
O mundo todo torna-se esquisito
E a noite desce plácida e friorenta!...
O sol com os raios seus já sem fulgores,
No desespero dos seus estertores,
Solta um beijo de luz, tinge o arrebol!...
O poeta fica no delírio imerso!
Contemplando os mistérios do universo
No quadro divinal de um por de sol!
Jansen Filho
In: Obras Completas
Jardim Perdido
Jardim em flor, jardim de impossessão,
Transbordante de imagens mas informe,
Em ti se dissolveu o mundo enorme,
Carregado de amor e solidão,
A verdura das árvores ardia,
O vermelho das rosas transbordava,
Alucinado cada ser subia
Num tumulto em que tudo germinava.
A luz trazia em si a agitação
De paraísos, deuses e de infernos,
E os instantes em ti eram eternos
De possibilidade e suspensão.
Mas cada gesto em ti se quebrou, denso
Dum gesto mais profundo em si contido,
Pois trazias em ti sempre suspenso
Outro jardim possível e perdido.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Hora Memória
Há rostos que nunca se irão.
Outros jamais veremos
mas aí estão,
sempre.
Nunca conheceremos todos
os convivas.
Nem os mais próximos.
Sequer o irmão.
A memória retém os
que devem ficar.
Mesmo os que, fugazes,
teimam em partir.
Lembrar é fingir.
Antonio Fernando de Franceschi
Outros jamais veremos
mas aí estão,
sempre.
Nunca conheceremos todos
os convivas.
Nem os mais próximos.
Sequer o irmão.
A memória retém os
que devem ficar.
Mesmo os que, fugazes,
teimam em partir.
Lembrar é fingir.
Antonio Fernando de Franceschi
Visitas
Bom-dia Tristeza!
Posso entrar?
Hoje vim com a Saudade
para te visitar...
Já que a Alegria viajou
depois que o Amor morreu,
viemos te visitar
querida amiga...
Visitar-me diz Tristeza,
não me diga...ora veja...
Enganaram-se com certeza,
Pois também estou de partida.
Vou morar com a Esperança
que ainda é minha amiga.
Zoraida H.Guimarães
In Na Passarela do Tempo
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Versos Molhados
Versos Molhados
Respinga a lua seu olhar tristonho,
em gotas mansas beija o adormecer
dos versos, tantos... Que, por ti, componho...
E enquanto eu rimo, a noite faz chover!
Densa neblina no olhar do meu sonho...
É chuva, é pranto... Nem sei mais dizer...
E uma saudade, que jamais transponho,
molha as janelas deste meu viver.
E na vidraça vejo a minha imagem,
chora a vidraça... O choro é meu? Bobagem...
É a tempestade que já se avizinha.
Não mais escrevo, guardo meu caderno
e dou-me conta que chegou o inverno
de uma esperança, que morreu sozinha!
Patricia Neme
Respinga a lua seu olhar tristonho,
em gotas mansas beija o adormecer
dos versos, tantos... Que, por ti, componho...
E enquanto eu rimo, a noite faz chover!
Densa neblina no olhar do meu sonho...
É chuva, é pranto... Nem sei mais dizer...
E uma saudade, que jamais transponho,
molha as janelas deste meu viver.
E na vidraça vejo a minha imagem,
chora a vidraça... O choro é meu? Bobagem...
É a tempestade que já se avizinha.
Não mais escrevo, guardo meu caderno
e dou-me conta que chegou o inverno
de uma esperança, que morreu sozinha!
Patricia Neme
sexta-feira, 1 de julho de 2011
RENÚNCIA
Renunciar. Todo o bem que a vida trouxe,
toda a expressão do humano sofrimento.
A gente esquece assim como se fosse
um vôo de andorinha em céu nevoento.
Anoiteceu de súbito. Acabou-se
tudo... A miragem do deslumbramento...
Se a vida que rolou no esquecimento
era doce, a saudade inda é mais doce.
Sofre de ânimo forte, alma intranqüila!
Resume na lembrança de um momento
teu amor. Olha a noite: ele cintila.
Que o grande amor, quando a renúncia o invade
fica mais puro porque é pensamento,
fica muito maior porque é saudade.
(Olegário Mariano)
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