terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

MADURO PARA O CANTO




Maduro para o canto
vertes, cântaro,
a água pura
e suas sete cores
unindo lago e lago.
Barco em flor
rio correndo da prece
promessa em silêncio
da messe.

Sem pressa
o agapanto floresce.

Dora Ferreira da Silva
de ANDANÇAS 1948-1970.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

EXCERTO LITERÁRIO




"Quando morremos? Na verdade, morremos todos os dias.
Morte são também nossas decepções, nossos projetos falidos,
nossas ideias abortadas. Morte é tudo o que nega a vida.
A morte definitiva, a que encerra todos os atos, a que nos
apresenta a vida concluída, dessa não podemos tratar porque
ela nos excede. Restam-nos os insucessos que a anunciam,
neles acenam os signos do que não nos é dado alcançar.
Esperamos e conjeturamos. Como poderíamos, de outro modo,
elevar-nos acima da solidez dos corpos que nos cercam,
assinalando-lhes a precariedade?"

(SCHÜLER)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

EXCERTO LITERÁRIO



Uma árvore em flor fica despida e despojada
de suas folhas no outono. 
A beleza transforma-se em feiúra, 
a juventude transforma-se em velhice, 
e os erros em virtudes.
As coisas não permanecem sempre as mesmas
e nada existe realmente, as aparências e
o vazio existem de forma simultânea.

Dalai Lama , in
"O livro de Dias"













EXCERTO LITERÁRIO



Descobri a doçura de ter atrás de mim
um longo passado.Não tenho o tempo de
me narrar, mas às vezes, de improviso,
eu o vejo em transparência ao fundo do
momento presente:ele lhe dá sua cor,
sua luz,como as rochas e as areias se
refletem na cintilação do mar.
Antigamente, eu me embalava com projetos,
com promessas.Agora, a sombra dos dias
mortos aveluda-me emoções e prazeres.

Simone de Beauvoir
in “A mulher desiludida”