Sede assim – qualquer coisa
serena, isenta, fiel.
Flor que se cumpre,
sem pergunta.
Onde que se esforça,
por exercício desinteressado.
Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados
e os soldados já frios.
Também com este ar da noite:
sussurrante de silêncios,
cheio de nascimentos e pétalas.
Igual à pedra detida,
sustentando seu demorado destino
E à nuvem, leve e bela,
vivendo de nunca chegar a ser.
À cigarra, queimando-se em música,
ao camelo que mastiga sua longa solidão,
ao pássaro que procura o fim do mundo,
ao boi que vai com inocência para a morte.
sede assim qualquer coisa
Serena, isenta, fiel.
Não como o resto dos homens.
Cecília Meireles
in Mar absoluto e outros poemas
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