domingo, 19 de julho de 2009

ANALOGIA


Tela: John Atkinson

ANALOGIA

Aos albores bucólicos da aurora
De púrpura é matizado o azul do espaço
E o arrebol tão rápido descora
O infinito, abrangendo em leve embaço.

Vem a neblina. A natureza chora
Um pranto como orvalho tênue, baço,
Mas um rasgão de luz se rompe agora
A terra acobertando num abraço.

Surge o sol, chega o dia e vai passando
Entre pouca alegria e muitas dores,
Sem uma trégua, o incansável tempo.

Nas brumas do passado assim jogando
As nossas ilusões em estertores
Da saudade em passivo desalento.

Bernardina Vilar
In ‘Bom dia, Saudade!’ (1995)

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