domingo, 8 de dezembro de 2013

O NASCIMENTO DA TERCEIRA IDADE



Eis que na maresia do vento
Caíram imagens, espessos subterfúgios
E sombras ociosas ostentando
Intenções de alívio em demasia.
Eis que na viagem dos vazios comprometidos
Nasceram aflitos intervalos no peso do conjunto
Processando a deterioração dos limites,
Levando o raciocínio à região do irreal,
Tomando dimensões tão prolongadas
Como oceanos afogando a margem
Dos desígnios superpostos do passado.
Eis que dormidos no sono igualitário
Do sonho por nascer ou já exumado
O vulto cresce no ser inacabado
Que a insônia transforma em terceira metade assustada
E avança nas bordas do externo da unidade
Como personagem ameaçada.
Eis quando o apelo de frio vento
Saído de moléculas falecidas
Cobre o infinito em mutações,
Mostra-se no implacável transitório,
E como flor
Retorna à sucção dos elementos
Fecundando repetidas e silentes emoções.

Adalgisa Nery
In Erosão (1973)

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