terça-feira, 15 de abril de 2014

EPÍGRAFE



Murmúrio de água na clepsidra gotejante, 
Lentas gotas de som no relógio da torre, 
Fio de areia na ampulheta vigilante, 
Leve sombra azulando a pedra do quadrante, 
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre... 

Homem, que fazes tu? Para quê tanta lida, 
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça? 
Procuremos somente a Beleza, que a vida 
É um punhado infantil de areia ressequida, 
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...


Eugénio de Castro
In A Sombra do Quadrante
(1869-1944)

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