sábado, 2 de agosto de 2014

AVENCAS DE AFETOS



Não era a raiva
que o arruinava e roía.
Mas não mais saber aonde ia.
 
Não era a ausência
que o arrasava e consumia.
Mas da rima o sabor da falência.
 
Já não mais ouvia, lia ou escrevia
em qualquer humano alfabeto.
 
Só, afônico, ainda sentia o sangue
da artéria saltar sobre os arbustos;
seu jorro escarlate, forte e quente.
 
Como um rio, vertendo Vida e Flora:
 
Uma selva de avencas de afetos
- no ventre fatal da última hora!
 
 
*Jairo De Britto,
 em "Dunas de Marfim"

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