quinta-feira, 14 de agosto de 2014

FRAGMENTO LITERÁRIO



Frágil, sim, sou frágil, sempre fui extremamente frágil.
E pensei que essa fragilidade era uma característica
particular que me tornava único e diferente de todos 
os homens. Era um ser anómalo, pensava, e daí o meu 
sentimento de inferioridade em relação aos outros,
que não o eram, uma vez que encarnavam a norma que 
eu nunca conseguiria instituir em mim. Só mais tarde, 
descobri que a anomalia era a norma inerente à 
condição de todos os homens, sujeitos à contingência,
à adversidade, à incerteza radical e à finitude 
irremediável. Compreendi então que cada homem é
um mundo de mundos...

António Ramos Rosa,
in A composição dos mundos - Prosas seguidas de diálogos


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