terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A CORUJA BRANCA




Em minha casa entre as árvores ouço o rumor da noite.
O vento escorraça os astros crepitantes
As montanhas descem em direcção ao mar como rebanhos
que não tivessem esperado a licença da aurora para
a migração necessária.
E a erva cresce. E a água corre. E o mundo recomeça
como uma palavra interrompida. E as nuvens caem do céu
e rastejam no caminho danificado pelas chuvas de janeiro.
Um pio atravessa a folhagem murmurante.
A coruja branca, minha irmã sedentária,
vigia na escuridão o mundo abandonado
por tantas pálpebras fechadas.

Lêdo Ivo
in 50 poemas escolhidos pelo autor

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