domingo, 9 de novembro de 2014

FUTURO




É preciso que exista, enfim, uma hora clara,
depois que os corpos se resignam sobre as pedras
como máscaras metidas no chão.

Por entre as raízes, talvez se veja, de olhos fechados,
como nunca se pode ver, em pleno mundo,
cegos que andamos de iluminação.

Perguntareis: “Mas era aquilo, o teu silêncio?”
Perguntareis: “Mas era assim, teu coração?”

Ah, seremos apenas imagens inúteis, deitadas no barro,
do mesmo modo solitárias, silenciosas,
com a cabeça encostada à sua própria recordação.

Cecília Meireles
in Mar Absoluto





 

Nenhum comentário:

Postar um comentário