quarta-feira, 6 de novembro de 2013

DESENCANTO




Eu faço versos como quem chora
De desalento...de desencanto...
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa...remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota à gota, do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca.

Eu faço versos como quem morre.


Manuel Bandeira
In: "A cinza das horas"

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