sexta-feira, 1 de novembro de 2013

SONETO DA PERDIDA ESPERANÇA



Perdi o bonde e a esperança. 
Volto pálido para casa. 
A rua é inútil e nenhum auto 
passaria sobre meu corpo. 

Vou subir a ladeira lenta 
em que os caminhos se fundem. 
Todos eles conduzem ao 
princípio do drama e da flora. 

Não sei se estou sofrendo 
ou se é alguém que se diverte 
por que não? na noite escassa 

com um insolúvel flautim. 
Entretanto há muito tempo 
nós gritamos: sim! ao eterno. 


 CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE 
In Brejo das almas, 1934



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