terça-feira, 5 de novembro de 2013

TODA A POESIA É LUMINOSA,




Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.


Eugénio de Andrade,
in Os Sulcos da Sede

Nenhum comentário:

Postar um comentário