sexta-feira, 11 de outubro de 2013

NASCIMENTO DO POEMA



É preciso que venha de longe 
do vento mais antigo 
ou da morte 
é preciso que venha impreciso 
inesperado como a rosa 
ou como o riso 
o poema inecessário. 

É preciso que ferido de amor 
entre pombos 
ou nas mansas colinas 
que o ódio afaga 
ele venha 
sob o látego da insônia 
morto e preservado. 

E então desperta 
para o rito da forma 
lúcida 
tranqüila: 
senhor do duplo reino 
coroado 
de sóis e luas.


Dora Ferreira da Silva,
in Andanças

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