sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A NINGUÉM PRECISO DIZER ADEUS




A ninguém preciso dizer adeus:
todos têm suas ocupações, e estão longe, embebidos
em seus enganos, que a felicidade imitam. 

A ninguém preciso dizer adeus:
nenhum espaço formará lugar de ausência,
pois a presença nunca formou nenhum espaço. 

A ninguém preciso dizer adeus:
parece triste partir assim, sem lembrança nem lagrima. 

Não é, porém, mais alegre, desaparecer ao longe
sem ter deixado atrás nem lagrimas nem lembrança?


Cecília Meireles
In: Poesia Completa
Dispersos (1918-1964)



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